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Como a vida moderna está mudando o esqueleto humano.

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Tudo começou com uma cabra. O desafortunado animal nasceu na Holanda na primavera de 1939 – e suas perspectivas não eram nada boas. Não tinha uma das patas da frente, e a outra era deformada. Ou seja, se locomover seria mais difícil.

Mas, quando tinha três meses, a cabra foi adotada por um instituto veterinário e se mudou para um campo gramado. Lá, desenvolveu rapidamente seu estilo próprio (e peculiar) de se locomover. Ela se apoiava nas patas traseiras para erguer o corpo e pulava – o resultado era algo entre o salto de uma lebre e um canguru.

Infelizmente, a cabra se envolveu em um acidente e morreu quando tinha um ano. Mas havia algo surpreendente escondido em seu esqueleto.

Durante séculos, os cientistas acreditaram que nossos ossos cresciam de maneira previsível, de acordo com as instruções genéticas herdadas de nossos pais. Mas quando um especialista em anatomia investigou o esqueleto dessa cabra, descobriu que seus ossos haviam começado a se adaptar.

Os ossos do quadril e das patas eram mais grossos do que o esperado – e estavam anormalmente angulados, para permitir uma postura mais ereta. Da mesma forma, os ossos do tornozelo estavam esticados. Em outras palavras, a estrutura óssea da cabra começou a se parecer muito com a dos animais que saltam.

Hoje se sabe que nossos esqueletos são surpreendentemente maleáveis.

Embora os esqueletos em exposição nos museus possam dar a impressão contrária, os ossos sob a nossa pele estão muito vivos – são rosados pelo fluxo sanguíneo, e estão em processo de destruição e reconstrução constante. Portanto, embora o esqueleto de cada indivíduo se desenvolva de acordo com as instruções genéticas em seu DNA, ele pode se adaptar de acordo com as pressões que cada pessoa enfrenta na vida.

Esta constatação levou a uma disciplina conhecida como “osteobiografia” – literalmente, “biografia dos ossos” – que permite analisar um esqueleto para descobrir como o dono vivia. E se baseia no fato de que certas atividades, como andar sobre duas pernas, deixam uma marca, como ossos do quadril mais resistentes.

E estudos recentes parecem não deixar dúvida de que a vida moderna está tendo um impacto em nossos ossos. Há vários exemplos – como a aparição de uma protuberância na base do crânio de algumas pessoas, a percepção de que nossas mandíbulas estão ficando menores e a constatação de que os cotovelos de jovens alemães estão mais estreitos do que nunca.

Um bom exemplo de osteobiografia é o mistério dos “homens fortes” de Guam e das Ilhas Marianas. Tudo começou com a descoberta de um esqueleto masculino na ilha de Tinian, a 2.560 km a leste das Filipinas, no Oceano Pacífico, em 1924.

Os restos mortais, datados do século 17 ou 18, eram gigantescos. E sugeriam que se tratava de um homem extraordinariamente forte e alto.

A descoberta alimentava as lendas locais sobre antigos governantes de proporções enormes, capazes de feitos heroicos. Não foi à toa que os arqueólogos chamaram o esqueleto de Taotao Tagga – “homem de Tagga” – em referência ao famoso líder mitológico da ilha, Taga, que era conhecido por sua força sobre-humana.

À medida que outras sepulturas foram descobertas, ficou claro que o homem de Tagga não era uma exceção. Tinian e as ilhas vizinhas haviam abrigado, de fato, uma população de homens extraordinariamente fortes. Mas de onde vinha essa força?

Por acaso, os restos mortais destes homens costumavam ser encontrados ao lado da resposta. No caso de Tagga, ele havia sido enterrado entre 12 imponentes pilares esculpidos em pedra, que originalmente teriam sustentado sua casa.

Um exame mais detalhado do seu esqueleto e dos outros revelou características ósseas semelhantes à da população do arquipélago de Tonga, no Pacífico Sul, onde as pessoas fazem muitos trabalhos braçais e construções em pedra.

A maior casa na ilha tinha pilares de 5 metros de altura, e cada um pesava quase 13 toneladas – aproximadamente o mesmo que dois elefantes africanos adultos.

Não se tratava então de uma misteriosa etnia de gigantes musculosos. Aqueles homens desenvolveram seus imponentes corpos trabalhando duro.

Se usarem no futuro uma técnica similar para analisar como as pessoas viviam em 2020, os cientistas também vão encontrar mudanças em nossos esqueletos que refletem nossos estilos de vida.

anatomia-do-cranio-1501498154“Sou clínico-geral há 20 anos e, apenas na última década, observei que cada vez mais pacientes têm esse aumento no crânio”, diz David Shahar, pesquisador da Universidade de Sunshine Coast, na Austrália.

O nódulo ósseo em questão, também conhecido como “protuberância occipital externa”, é encontrado na parte inferior do crânio, logo acima do pescoço. Se você tiver um, é provável que consiga senti-lo com os dedos – ou, se for careca, pode até ser visível.

Até recentemente, esse tipo de protuberância era extremamente raro. Em 1885, quando o nódulo ósseo foi investigado pela primeira vez, o renomado cientista francês Paul Broca achou tão esquisito que sequer tinha um termo científico para tal.

Mas Shahar decidiu investigar. Com a ajuda de um colega, ele analisou mais de mil radiografias de crânios de indivíduos entre 18 e 86 anos – mediu eventuais protuberâncias e observou a postura de cada um deles.

O que os cientistas descobriram foi impressionante. A protuberância era muito mais comum do que eles imaginavam – principalmente entre os mais jovens. A pesquisa mostrou que uma em cada quatro pessoas entre 18 e 30 anos tinha o nódulo ósseo. Shahar acredita que a presença cada vez maior desta protuberância se deve à tecnologia, particularmente à nossa obsessão por smartphones e tablets.

Quando nos debruçamos sobre esses dispositivos, erguemos o pescoço e inclinamos a cabeça para frente. E isso é problemático, uma vez que a nossa cabeça pesa em média cerca de 4,5 kg – quase o mesmo que uma melancia grande.

Quando estamos sentados com a postura ereta, a cabeça está em equilíbrio sobre a parte superior da nossa coluna vertebral. Mas, à medida que nos inclinamos para usar o celular, nosso pescoço precisa fazer um esforço maior. Os médicos chamam a dor associada a esse esforço de “text neck” (também conhecida como síndrome do pescoço de texto ou do pescoço tecnológico).

Shahar diz acreditar que os nódulos se formam porque a postura curvada gera uma pressão extra no local onde os músculos do pescoço se ligam ao crânio. E o corpo reage criando uma nova camada de osso, que ajuda o crânio a lidar com esta pressão extra e a distribuir o peso.

Uma das maiores surpresas para Shahar foi o tamanho das protuberâncias. Os nódulos maiores mediam cerca de 30 mm. Evidentemente, a má postura não é uma invenção do século 21.

Mas então por que nossos antepassados não desenvolveram protuberâncias no crânio ao se curvar para ler livros? Uma possível explicação é que passamos muito mais tempo inclinados sobre nossos smartphones, do que uma pessoa passaria lendo.

Por exemplo, em 1973 os americanos liam em média cerca de duas horas por dia. Hoje, no entanto, passamos quase o dobro desse tempo no celular.

Curiosamente, os homens fortes das ilhas Mariana também tinham protuberâncias no crânio. Acredita-se que seus nódulos ósseos tenham se desenvolvido por uma razão semelhante – para suportar o peso sobre os músculos do ombro e do pescoço. Esses homens teriam carregado muito peso, por meio de bastões sobre os ombros.

Shahar acredita que as protuberâncias modernas nunca desaparecerão. E, na visão dele, vão ficar cada vez maiores.

Segundo ele, é raro que causem complicações por si só. Se houver algum problema, provavelmente será causado por outras maneiras como o corpo compensa nossa postura curvada.

Na Alemanha, cientistas fizeram outra descoberta surpreendente: nossos cotovelos estão encolhendo. Christiane Scheffler, antropóloga da Universidade de Potsdam, estudava medidas corporais de crianças em idade escolar quando observou essa tendência.

Para medir exatamente o quanto seus esqueletos haviam mudado ao longo do tempo, Scheffler analisou quão forte (ou “ossudas”) as crianças eram entre 1999 e 2009. Para tal, calculou seu Índice de Estrutura, que é como a estatura se compara à largura dos cotovelos.

Em seguida, comparou os resultados com um estudo similar realizado 10 anos antes. A conclusão foi que os esqueletos das crianças estavam se tornando cada vez mais frágeis.

Scheffler pensou, a princípio, que a explicação poderia ser genética, mas é difícil de ver como o DNA de uma população pode mudar tanto em apenas 10 anos. A segunda hipótese era que as crianças poderiam estar sofrendo de má nutrição, mas isso não é um problema na Alemanha. A terceira explicação possível era que a juventude de hoje é muito mais sedentária.

Para descobrir, Scheffler conduziu um novo estudo – em parceria com alguns colegas desta vez – em que analisou os hábitos diários das crianças, que também usaram um contador de passos durante uma semana.

Os cientistas encontraram uma forte correlação entre a robustez dos esqueletos das crianças e o quanto caminhavam por dia.

É sabido que toda vez que usamos nossos músculos, ajudamos a aumentar a massa dos ossos que os sustentam. “Se você usa os músculos repetidamente, isso gera mais tecido ósseo, que se traduz em ossos mais densos e com maior circunferência”, explica Scheffler.

Além disso, os cotovelos encolhidos das crianças parecem uma adaptação direta à vida moderna, já que não faz sentido cultivar ossos dos quais você não precisa.

Walking in nature

Mas havia outra questão intrigante no resultado do estudo: caminhar era o único tipo de exercício que parecia ter algum impacto.

Scheffler acredita que isso se deve ao fato de que mesmo as crianças mais atléticas dedicam muito pouco tempo à prática de exercícios físicos. “Não ajuda que sua mãe te leve de carro para praticar uma ou duas horas de exercício por semana”, diz ela.

E, embora não tenha sido estudado, é provável que a mesma regra se aplique aos adultos: não basta simplesmente ir à academia duas vezes por semana sem também caminhar longas distâncias. “Porque nossa evolução indica que podemos caminhar quase 30 km por dia.”

A última surpresa escondida em nossos ossos pode ter centenas de anos, mas foi descoberta recentemente. Em 2011, Noreen von Cramon-Taubadel, pesquisadora da Universidade Estadual de Nova York, nos EUA, estava estudando crânios. Como antropóloga, ela queria saber se era possível deduzir de onde um crânio vem apenas observando seu formato. Para isso, ela mediu cuidadosamente crânios encontrados em museus de diferentes países para compará-los.

ed3960df5c04e73c632e22695a9f4c9bE descobriu que o formato da mandíbula não dependia tanto da genética, mas se a pessoa havia crescido em uma comunidade agrícola ou de caçadores-coletores.

Cramon-Taubadel acredita que o segredo da diferença nas mandíbulas está no quanto mastigamos à medida que crescemos. “Se você pensar na ortodontia, a razão pela qual o tratamento é feito em adolescentes, é porque seus ossos ainda estão crescendo”, diz ela.
“Os ossos ainda são maleáveis nessa idade e respondem a diferentes pressões.”

Nas sociedades agrícolas, a comida é mais macia e pode ser ingerida sem necessidade de mastigar muito. E mastigar menos resulta em músculos mais fracos, o que significa que nossas mandíbulas não se desenvolvem de forma tão robusta.

É possível que a amamentação seja outro fator importante, uma vez que sua duração varia muito – e determina quando as crianças começam a mastigar alimentos mais sólidos. Cramon-Taubadel afirma que o impacto da mastigação na mandíbula é bastante sutil a olho nu. É mais provável que se apresente nos dentes.

“Especialmente nas populações pós-industriais, é muito mais provável que haja problemas dentários – como dentes tortos ou desalinhados por falta de espaço” acrescenta.

“As pesquisas mostram que adotar uma dieta um pouco mais dura biomecanicamente, principalmente no caso de crianças, pode ser útil para neutralizar parte do desequilíbrio entre a maneira como nossos dentes crescem e se desenvolvem.”

Mas esta história tem uma reviravolta inesperada. A mudanças nas nossas mandíbulas e dentes parecem ter tido um efeito inesperado e positivo na maneira como falamos.

Um estudo recente mostrou que, à medida que as sociedades descobriram a agricultura no período neolítico, há cerca de 12 mil anos, as mudanças na mandíbula podem ter permitido pronunciar novos sons, como de “v” e “f”.

Naquela época, os incisivos superiores (dentes superiores da frente) se encontravam exatamente sobre os inferiores, em vez de cobri-los como atualmente.

Para ter uma ideia de como era a mandíbula no período neolítico, empurre sua mandíbula inferior para frente, até os dentes inferiores tocarem os superiores, e tente dizer “filé” ou “Veneza”.

O que será que os arqueólogos do futuro vão encontrar quando examinarem nossos esqueletos de dentro de suas naves espaciais? Se não tomarmos cuidado, nossos ossos podem revelar uma alimentação pouco saudável, níveis impressionantes de sedentarismo e uma dependência mórbida da tecnologia.
Talvez seja melhor ser cremado.

Fonte: G1.

Notas da autora:

Quantas informações importantes e como sabemos tão pouco sobre a evolução! E nestes estudos, ficou mais do que provado que não somente questões genéticas interferem no nosso esqueleto, mas as atividades que desempenhamos.

Muitas pessoas já estão nascendo sem apêndice ou os dentes sisos porque simplesmente não precisamos mais de ambos. 

Muito legal, não é? Este tema me fascina. E você, o que mais gostou nesta matéria?

 

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Cientistas identificam enzima causadora do “cecê”.

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Um estudo liderado pela Universidade de York, no Reino Unido, em parceria com a Unilever descobriu uma única enzima responsável pelo odor corporal, ou “cecê”. O achado foi publicado no fim de julho no Scientific Reports.

O odor corporal é causado pela combinação de suor com algumas bactérias presentes na pele. Anteriormente, a mesma equipe descobriu que poucos microrganismos causam o “cecê” e por isso, na nova pesquisa, o foco foi investigar qual (ou quais) enzimas são responsáveis pelo mau odor.

“Encontrar a estrutura dessa enzima permitiu identificar a etapa molecular dentro de certas bactérias que formam as moléculas de odor”, explicou Michelle Rudden, coautora do estudo, em comunicado. “Esse é um avanço importante na compreensão de como o odor corporal funciona e permitirá o desenvolvimento de inibidores direcionados que interrompam a produção de ‘cecê’ na origem, sem afetar o microbioma da axila.”

De acordo com os pesquisadores, essa “enzima do ‘cecê'” estava presente na bactéria Staphylococcus hominis muito antes do surgimento do Homo sapiens como espécie. Isso sugere que o odor corporal existia antes da evolução dos humanos modernos e pode ter desempenhado um papel importante na comunicação social entre primatas ancestrais.

“Essa pesquisa foi uma verdadeira revelação”, afirmou Gordon James, coautor da pesquisa. “Foi fascinante descobrir que uma enzima formadora de odores-chave existe apenas em algumas bactérias selecionadas nas axilas e evoluiu lá dezenas de milhões de anos atrás.”

Fonte: Revista Galileu

 

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Novo livro aborda importância da ciência.

Como as pesquisas científicas afetam a nossa vida? Como será o cotidiano dos profissionais que se dedicam à ciência? Essas são algumas das respostas do livro “Divulgando Ciência: o que alguns cientistas fazem e como isso afeta a sua vida!”.

A obra, organizada por Elizabete Captivo Lourenço e Luciana de Moraes Costa, é um lançamento da EdUERJ, Editora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

As organizadoras mostram o cotidiano de cientistas por meio das vivências dos estudantes da disciplina “Ações extensionistas, educação e popularização da ciência para projetos de pesquisas em ecologia e evolução”, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, da UERJ.

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Faça o download gratuito do livro: https://bit.ly/2XQQcgz

Fonte: CRBio 04

 

Biologia, Curiosidades, Evolução, Fisiologia Humana, Genética

Conheça o verme que pode ser o ancestral dos humanos.

Um novo estudo publicado este ano, revelou a descoberta daquele que pode ter sido o ancestral da maior parte dos animais que conhecemos hoje, incluindo o ser humano. A pesquisa foi coordenada por uma equipe da Universidade da Califórnia, Riverside (EUA).

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Fóssil do verme chamado Ikaria wariootia.

Trata-se de um verme chamado Ikaria wariootia, primeiro organismo a apresentar parte frontal e dorsal, dois lados simétricos e orifícios conectados por entranhas.

O artigo que relata o achado foi veiculado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences.

A presença de uma simetria bilateral, embora possa parecer trivial, é muito importante na escala evolutiva. Esse tipo de estruturação corporal permite que o animal se movimente de forma mais eficiente. Não à toa, grande parte dos seres vivos que conhecemos são bilateralmente simétricos; basta desenhar uma linha imaginária ao longo do corpo de um cachorro, pássaro ou homem, por exemplo, para notar a semelhança entre as duas metades.

Assim, a bilateralidade é uma característica muito antiga no reino animal. Estima-se, logo, que os primeiros seres a apresentarem esse tipo de simetria possam ser os precursores de organismos muito maiores e mais complexos.

O estudo mencionado baseou-se na descoberta de fósseis que datam de 630 a 542 milhões de anos atrás. Há quinze anos, cientistas encontraram tocas no sul da Austrália que, até agora, eles apenas teorizaram ter sido cavadas pelos primeiros seres bilaterais. Contudo, foi só recentemente que eles puderam colocar a teoria à prova, graças a tecnologias mais avançadas.

Com ajuda de um financiamento da Nasa, os pesquisadores utilizaram um scanner 3D que relevou, nas tocas, a presença de marcas de corpos cilíndricos com cabeças e rabos demarcados e uma musculatura relativamente desenvolvida. De acordo com os especialistas e com base nas análises dos buracos deixados pelos seres, o animal teria tido de 2 a 7 milímetros de comprimento e de 1 a 2,5 milímetros de espessura — aproximadamente metade do tamanho de um grão de arroz.

Além das tocas, os cientistas encontraram mais de 100 espécimes de fósseis dos próprios vermes. Segundo os profissionais, as tocas, esculpidas pelos indivíduos do gênero Ikaria, representam os fósseis mais antigos já encontrados com esse nível de complexidade, reforçando a presença de uma simetria como a mencionada pela primeira vez.

A descoberta, caso confirmada, reforça as expectativas criadas pela teoria da evolução, que sugere a existência de uma árvore da vida em que apenas um ancestral antigo teria originado todos os demais, que então evoluíram independentemente.

Fonte: Site Veja

Biologia, Curiosidades, Genética, Saúde, Zoologia

O risco que paira sobre os primatas na pandemia.

gorilaÉ senso comum que os macacos são alguns de nossos parentes mais próximos no reino animal: embora não descendamos deles, como se acreditou por muito tempo, possuímos um ancestral comum recente. Esse fato faz com que nosso material genético seja semelhante e, portanto, com que sejamos suscetíveis a algumas das mesmas doenças. Não à toa, cresce agora a preocupação com o risco que o novo coronavírus pode representar para esses animais.

Por isso, foi suspenso todo o turismo relacionado a gorilas no continente africano. Além disso, santuários de orangotangos acabaram fechados ao público na África.
Vale lembrar que, em um zoológico de Nova York, foi constatado que a Covid-19 acometeu um tigre — ou seja, não somos só nós os sujeitos a adoecerem durante esta nova pandemia.

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Gorila da montanha, espécie ameaçada de extinção.

No entanto, ainda não é possível determinar se o vírus é capaz de infectar outros primatas. O que se sabe é que alguns desses animais, a exemplo do gorila-das-montanhas (espécie ameaçada de extinção), são suscetíveis a patógenos em comum conosco, e podem vir a apresentar doenças respiratórias.

Antes do surto do novo coronavírus, já era recomendado que mantivéssemos, no mínimo, uma distância de 7 metros de gorilas em zoológicos e outras instalações. As diretrizes da União Internacional para a Conservação da Natureza pede, aliás, que fiquemos a 10 metros de distância ou mais dos demais grandes primatas (orangotangos, gorilas, bonobos e chimpanzés).

Embora a maior parte das mortes recentes desses animais se deva à caça e ao desmatamento, vírus também podem ocasionar muitas fatalidades: para alguns grupos de macacos, as infecções estão entre as três causas de morte mais comuns. Recentemente, o surto de ebola na África matou centenas de chimpanzés e gorilas, por exemplo.

Fonte: Site Veja

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Com receio de câncer, Angelina Jolie faz cirurgia para retirar os seios.

A atriz Angelina Jolie declarou que passou por uma dupla mastectomia preventiva, uma cirurgia para retirada dos seios. A revelação foi feita em um artigo chamado “My Medical Choice”, publicado no jornal americano “The New York Times” nesta terça-feira (14).

“Minha mãe lutou contra o câncer por quase uma década e morreu aos 56”, diz a atriz no começo do texto. “Ela viveu o suficiente para conhecer seus primeiros netos e segurá-los nos braços. Mas minhas outras crianças nunca terão a chance de conhecê-la e sentir quão amável e graciosa ela era”, afirma.

 Angelina, de 37 anos,  diz que descobriu ter um “defeito” no gene chamado BRCA1. Os médicos disseram que ela tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama, e 50% de ter um câncer no ovário.

“Quando soube que essa era minha realidade, decidi ser pró-ativa e minimizar o risco o quanto podia. Tomei a decisão de ter uma dupla mastectomia preventiva”, diz a atriz. “Comecei com os seios, já que meu risco de câncer de mama é mais alto que meu risco de câncer no ovário, e a cirurgia é mais complexa”, afirma.

A atriz diz no artigo que passou por cirurgias num intervalo de três meses. “Durante o processo consegui manter isso de forma privada e continuar com meu trabalho”, contou.

O processo médico foi iniciado no último dia 2 de fevereiro com a técnica “nipple delay”, um tipo de cirurgia plástica “para que a mastectomia não danifique esteticamente o mamilo. Isto causa um pouco de dor e um montão de hematomas, embora aumente as chances de salvar o mamilo”.

Ela conta que duas semanas após o começo do processo, fez a principal cirurgia, na qual se extrai o tecido mamário. “A operação pode levar 8 horas. Você acorda com tubos e expansores nos seus seios. Parece uma cena de um filme de ficção científica. Mas dias depois da cirurgia você pode voltar à sua vida normal”, afirma.

Nove semanas depois foi feita a operação para reconstrução das mamas com implantes.

“Eu queria escrever isso para contar a outras mulheres que a decisão de fazer uma masteconomia não foi fácil. Mas estou muito feliz de tê-la tomado”, diz Angelina. “Minhas chances de desenvolver câncer de mama caíram de 87% para 5%. Posso dizer a meus filhos que eles não precisam ter medo de me perder para o câncer de mama”, afirma.

Angelina também conta no artigo a importância da cirurgia para seus filhos. “É reconfortante saber que eles não veem nada que os deixe desconfortáveis. Eles veem minhas pequenas cicatrizes, e nada mais. Todo o resto é apenas a mamãe, do mesmo jeito que sempre foi. E eles sabem que os amo e que eu faria qualquer coisa para ficar com eles por todo o tempo que puder.”

A operação deixou apenas pequenas cicatrizes que não chocarão nossos filhos, conta Angelina. “Pessoalmente não me sinto menos mulher. Me sinto mais forte e tomei uma decisão importante que não diminui em nada minha feminilidade”, completa.

A atriz também ressaltou que Brad Pitt foi um grande apoio durante todo o processo.”Conseguimos encontrar momentos para rir juntos. Sabíamos que era o melhor que podíamos fazer para nossa família e que nos uniria ainda mais. E foi assim que aconteceu”.

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Angelina Jolie, uma das atrizes mais bem pagas do mundo, lamenta que o teste para detectar a mutação genética BRCA1, assim como a BRCA2, custe mais de US$ 3 mil dólares nos Estados Unidos, “um obstáculo para muitas mulheres”.

Ela também espera que seu caso sirva de exemplo para outras mulheres com risco de câncer. A atriz lembra em seu artigo que o câncer de mama mata 458 mil pessoas por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, e afirma que o tratamento pelo qual passou será detalhado na página na internet do instituto onde se tratou, o Pink Lotus Breast Center.

“Se escrevo agora sobre isto é porque espero que outras mulheres poderão beneficiar-se de minha experiência”, afirmou. “Decidi não manter minha história em segredo porque há muitas mulheres que não sabem que poderiam estar vivendo sob a sombra do câncer. Tenho a esperança que elas, também, sejam capazes de realizar exames genéticos e que, se tiverem um alto risco, saibam que há mais opções.”

“A vida está cheia de desafios. Os que não devem nos dar medo são os que podemos enfrentar e podemos controlar”, conclui.

Texto retirado do site G1.

 

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Vaca clonada na Argentina começa a produzir leite similar ao humano.

Uma vaca clonada por cientistas argentinos com genes bovinos e humanos começou a produzir leite similar ao humano como forma de contribuir na luta contra a mortalidade infantil, informou a universidade responsável pelos estudos.

Pesquisadores da Universidade Nacional de San Martín (Unsam) e do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) inseriram dois genes humanos codificadores de duas proteínas presentes no leite humano em “Issa”, uma vaca clonada no ano passado.


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As proteínas são lactoferrina e a lisozima, incorporadas no DNA da vaca, também conhecida como “Rosinha”. “Esta é uma maneira de contribuir com a luta contra a mortalidade infantil, já que uma proteína permite evitar doenças infecciosas do aparelho digestivo e evitar anemia nos recém-nascidos”, explicou o reitor da Unsam, Carlos Rota.

De acordo com o investigador Germán Kaiser, do Grupo de Biotecnologia da Reprodução do Inta, a pesquisa não pretende substituir o vínculo mãe-filho durante a lactação, mas é destinada aos bebês que, por distintas razões, não têm acesso ao leite de suas mães, acrescentou. Os cientistas conseguiram assim incluir na vaca transgênica dois genes humanos no genoma bovino, o que permitiu que as duas proteínas estivessem presentes na glândula mamária durante a amamentação, indicou a universidade.

“Issa”, nascida em abril de 2011 no Inta, foi apresentada em junho do ano passado pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Na ocasião, Cristina garantiu que a vaca se transformaria na “primeira no mundo capaz de produzir leite humano”.

Argentina entrou no clube da clonagem destinada a criar vacas transgênicas com fins medicinais em agosto de 2002, com o nascimento de “Pampa”, fruto de uma clonagem realizada por analistas do laboratório local Bio Sidus com o intuito de obter leite bovino com a proteína de crescimento humano “hGH”.

Os descendentes de “Pampa”, a primeira bezerra clonada na América Latina, produzem leite do qual é extraída essa proteína para produzir remédios para crianças com problemas de crescimento com menor custo.

Nos últimos anos, cientistas argentinos clonaram cavalos e touros a fim de obter exemplares de melhor rendimento.

Texto retirado do site UOL NOTÍCIAS – CIÊNCIA.

OBS: Pai, mais um texto sensacional. Muito obrigada!

Marilia Escobar

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Biologia sintética fará homem viver 150 anos, diz pioneiro do DNA.

Primeiro cientista a sequenciar um código genético humano (DNA), o professor de Harvard George Church voltou aos holofotes esta semana com uma inquietante afirmação: evoluções científicas na biologia sintética ainda podem levar os indivíduos a viverem até os 150 anos.

Cerca de três décadas atrás, Church estava entre a meia dúzia de pesquisadores que sonhavam em sequenciar um genoma humano inteiro. Seu laboratório foi o primeiro a criar uma máquina para desmembrar esse código, e desde então ele tem se dedicado a melhorá-la.

Agora, o professor tem pressionado pela ideia de que é preciso ir adiante e sequenciar o genoma de todas as pessoas. Sequenciar o DNA humano de forma rotineira abrirá uma série de possibilidades, diz Church. Uma vez que “ler” um genoma se torne um processo corriqueiro, o professor de Harvard quer partir para “editá-lo”, “escrever” sobre ele.

O professor vislumbra o dia em que um aparelho implantado no corpo seja capaz de identificar as primeiras mutações que possam levar a um potencial tumor ou os genes de uma bactéria invasora. Nesse caso, será possível tratá-los com uma simples pílula de antibiótico destinado a combater o invasor.

Doenças genéticas serão identificadas no nascimento, ou possivelmente até na gestação, e vírus microscópicos, pré-programados, poderão ser enviados para o interior das células comprometidas e corrigir o problema.

Para fins científicos, Church tem defendido a polêmica ideia de disponibilizar sequências de genomas publicamente, para que cientistas tenham oportunidade de estudá-las. O professor já postou na rede a sua própria sequência de DNA, além de outras dez. O objetivo é chegar a 100 mil. “Sempre houve uma atitude (em relação à genética) de que você nasce com seu ‘destino’ genético e se acostuma com ele. Agora a atitude é: a genética é, na verdade, um conjunto de transformações ambientais que você pode empreender no seu destino”, diz Church.

“Ele está começando a levar a biologia sintética a uma escala maior”, opina o professor James J. Collins, colega de Church no Instituto Wyss de Engenharia Inspirada pela Biologia, em Harvard.

Texto retirado do site O TEMPO.

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Projeto pretende descobrir genoma de 5 mil espécies de insetos.

O genoma de 5 mil insetos e outros tipos de artrópodes será descoberto e estudado por um grupo de cientistas nos próximos cinco anos. Conhecida como Projeto Genoma de Insetos 5000 (i5k), a iniciativa foi lançada em 2011 para que entomologistas possam conhecer mais sobre a biologia desses animais e como controlá-los quando causam ameaças à saúde, aos alimentos e à economia.

O projeto foi detalhado em entrevista de quatro dos membros publicada na última edição da revista “American Entomologist”. Lançado em março, após uma carta assinada por dez membros – a maioria norte-americanos – à revista “Science”, o i5k agora busca colaboradores de todo o mundo para indicações sobre qual inseto deve ser sequenciado.

Os interessados poderão se cadastrar no site http://arthropodgenomes.org/wiki/i5K para participar do projeto. Um dos focos do grupo está na reunião de dados que permitam estudar melhor a resistência dos invertebrados a inseticidas.

Como o sequenciamento genômico fica mais barato com o passar dos anos, os organizadores esperam que o conhecimento sobre os genes dos 5 mil artrópodes possa resultar na melhora das técnicas de controle de pragas ou mesmo na preservação de espécies menos resistentes como as abelhas.

Texto retirado do site G1.